Monday 14 April 2008

Ressaca

Cheguei na Alemanha há pouco mais de uma semana. Viajei demais, e estou de ressaca até hoje. Meio que nem bêbado passando mal dizendo que nunca mais vai beber. A sensacao é de que eu nunca mais vou querer viajar. Mas já estou planejando Barcelona para agosto, entao isso nao deve durar muito... mas que eu estou enjoada, estou. Até porque a viagem de volta da Guatemala nao ajudou muito. Estive em OZ. A foto acima mostra a minha cela coletiva. Explico: em um misto de desatencao, burrice e péssima escolha de agentes de viagem, terminei chegando ao México sem visto. Mas antes de sair da Guatemala eu já tinha sido alertada pela mulher da compania aérea, que me disse que eu teria que pagar uma taxa. Foi só isso que ela disse, entao eu fui tranquila, pronta para a última facada da viagem, mas tranquila. Mesmo antes de sair da Guatemala, já vi que a coisa nao ia ser bem assim. Ao embarcar, a mocinha que geralmente destaca o seu cartao de embarque e checa o seu passaporte me deu atencao especial. Destacou meu cartao de embarque, tomou meu passaporte, e me escoltou pessoalmente até o aviao, onde entregou meus documentos ao comissário de bordo responsável. Vendo a cena, eu comecei a ficar nervosa: mas como assim? Eu vou ficar sem o meu passaporte??? Nao se preocupe senhora, o seu passaporte vai estar aqui o tempo todo, e a senhora vai recebe-lo de volta em Amsterdam. Hein??? Resolvi nao discutir, já traumatizada com as histórias de terror contadas por brasileiros aprisionados pelo mundo afora. Antes do aviao sair do lugar, liguei pro Bernardo do celular e avisei: se eu sumir, me procura no México. Chegando lá... veio uma outra mulher me receber no aviao, ainda dentro do minibus que busca a gente no aviao. Ela recebeu meu passaporte do comissário, preencheu mil papéis na minha frente, me fez assinar um (que ela só me explicou o que era da terceira vez que eu insisti que ela me explicasse, acho que ela nao está acostumada a gente que faz perguntas) e me acompanhou até a sala, que vocês vêem aí em cima. Na hora da foto estava tranquilo. Quando eu cheguei, umas horas antes, só tinha uns caras esquisitissimos. Super agradável. Fiquei na sala por 5 horas, até o próximo vôo. Fui levada para almocar por um guarda, junto com uma hondurenha que tb estava na sala. No caminho nao pudemos comprar nada, porque estavamos sem o nosso passaporte. No lado positivo, a sala até era ampla, toda de janelas, como vocês podem ver (assim nao tinha risco de coisas bizarras acontecerem lá dentro), tinha banheiro feminino e masculino sem papel, bebedouro, orelhao e tomadas funcionando. Fiquei o tempo todo jogando paciência e vendo South Park no meu laptop, o que me fez pagar um certo mico na hora de ser levada pra almocar, já que o guarda ficou um tempao chamando o meu nome e eu nao me manifestava, por causa dos fones de ouvido. No geral, ficar ali detenta nem é tao ruim assim. O desagradável mesmo é ser tratada como fora da lei, tendo seu passaporte tomado e ficando sob custódia de um guarda. Ao embarcar no aviao para Amsterdam já recebi o passaporte de volta e fiquei tranquila. De qualquer forma, acho que rolou uma overdose de viagem. Em meio às pilhas espalhadas pela minha sala - pilha de livro, de xéroxes, de roupas, de documentos... - encontrei uma pilha nova: a pilha de cartoes de embarque. Nunca tinha juntado tantos de uma vez só. Ao todo foram 13 em 2 meses!!! Fiquei chocada. A única esperanca é acumular uma boa quantidade de milhagem... mas pensando bem, só serve pra viajar mais... argh... Aí vai o saldo final do itinerário latino-americano do primeiro semestre de 2008 (nunca se sabe o que vai acontecer no próximo semestre da vida de um doutorando):
Stuttgart-Paris
Paris-Bogotá
Bogotá-Panama
Panama-Guatemala
Guatemala-Panama
Panama-Rio
Rio-Panama
Panama-Guatemala
Guatemala-Flores (Tikal)
Flores-Guatemala
Guatemala-Mexico
Mexico-Amsterdam
Amsterdam-Stuttgart

Voilá.

Monday 31 March 2008

Sábado em Tikal




Esse sábado fui visitar o Parque Tikal, o maior sítio arqueológico da civilizacao Maya de toda América. Este sítio tem vestígios que mostram sua habitacao desde o ano 900 a.C. até 800 d.C., mas em outros lugares a civilizacao maia existiu desde 5.000 a.C. O parque é impressionante. As construcoes sao lindas e enormes, todas de pedra, e tudo é orientado em funcao do céu, de onde vinham os deuses. Todas as pracas têm um espaco central entre os prédios, justamente para recebre os deuses (super Arquivo X). Para se ter idéia do avanco científico, eles desenvolveram o calendário mais exato do mundo (melhor que o nosso, parece), e tinham também um observatório astronômico. Os arqueólogos imaginam que os Maya tenham deixado Tikal por causa das guerras com povos vizinhos e pelo aumento populacional exagerado, que causou o desmatamento e o uso degradante do solo, dificultando a sobrevivencia na regiao. Segundo o site do parque na internet, os Maya abandonaram a cidade há mais de 1.000 anos. Aos poucos o local foi sendo coberto pela floresta e se tornou uma lenda entre os indígenas, que se referiam a ele como a "cidade perdida". Tikal foi redescoberta em 1848, e em 1956 comecou a ser escavada pela Universidade de Pennsylvania. Hoje em dia, além dos templos e ruínas que estao à mostra, com a ajuda da NASA (!) se tem conhecimento de muitas outras construcoes que ainda estao de baixo da terra. Desde 1979 Tikal é Patrimônio Mundial da Humanidade UNESCO.
Para vocês terem uma idéia do quao fantástico é o parque: eu paguei para acordar às 4 da manha (depois de ir dormir à 1), pegar um aviao de hélice para 20 pessoas que fazia tanto barulho por dentro quanto os ônibus do Rio de Janeiro, caminhar o dia inteiro debaixo de um sol tao forte que me fez deixar a Tussigkeit de lado e usar boné (!!), conviver de perto com plantas e animais de verdade, e no final do dia voltar no mesmo aviaozinho, só que depois de uma chuva violenta e com o céu ainda nublado e com vento (o que nao me incomodou muito, já que eu estava tao exausta que dormi o vôo todo, ao contrário da americana histérica com sapatos de oncinha sentada perto de mim, que estava transtornada com o calor), e ainda assim voltei pra casa super satisfeita e encantada com tudo que eu vi. Recomendo com empenho.
P.S.: a foto comprova que eu usei boné (emprestado pela mae da Ariela)!

Thursday 27 March 2008

Blogs rule

Gente, definitivamente, os blogs hoje em dia sao o que há. Minha mae tinha me perguntado o que eu achava de ela fazer um blog do Museu Magüta (dos Tikuna, para quem nao conhece) e eu respondi que achava amador demais, mas já me arrependi da resposta. De fato, nao fica tao profi quanto um website de verdade, já que tem esse sinalzinho laranja aí em cima (que nao dá pra saber se é uma caneca, um cadeado torto, um patinho sem bico...) e "blogspot" no endereco, mas a verdade é que, se bem organizado, pode ficar com uma cara ótima (diferente desse aqui), além de estar super in. Bom, tudo isso porque hoje eu descobri que a sub-sede dominicana do Parlacen tem um blog! É muito bonito, e tem uma cara super profissional, apesar da caneca-patinho. Solucao nada pretenciosa, perfeita para organizacoes com sérias restricoes orcamentárias.
Para quem se interessar: http://www.parlacenrd.blogspot.com/

Tuesday 25 March 2008

Monday 17 March 2008

Pergunta

Pergunta da colombiana sentada do meu lado no avião que peguei do Panamá para o Rio: "você é gringa?"

Monday 10 March 2008

Gringa

Bom, agora foi a gota d'agua. Fui chamada de gringa na rua em plena luz do dia! Depois da revolta momentanea, eu me conformei. Basta uma olhada no reflexo de qualquer vitrine na rua pra admitir que o erro nao foi tao condenavel. Afinal de contas, em epoca de ano novo e carnaval os vendedores de Copacabana vem falar em ingles comigo... Cheguei entao a seguinte conclusao: melhor assumir a condicao de gringa. E para comecar a todo vapor, resolvi comprar uma excursao com guia para a cidade de Antigua! Domingao, nada pra fazer, vamos la. Foi um bom jeito de matar o tempo no fim de semana. Nao digo isso querendo desmerecer a cidade. Antigua foi a terceira capital da Guatemala, depois que os maias expulsaram os espanhois da primeira em revolta contra a cobranca de impostos, e depois que a segunda foi soterrada por uma avalanche de lama, quando o "vulcao de agua", que fica ao lado de Antigua, entrou em erupcao e lancou para cima da cidade todo o deposito de agua e terra que estava acumulado na cratera. A capital se mudou mais tarde para onde esta hoje, em Cidade da Guatemala, depois que Antigua foi arrasada por um terremoto de escala 9, com destruicao total. Ou seja, uma historia linda. Como antiga capital de toda America Central, Antigua tem muita historia. Naquela epoca, so se queria que nobres e governantes habitassem a cidade (o que acabou concentrando todos eles e matando varios ao mesmo tempo no terremoto). A cidade foi toda desenhada por um arquiteto italiano, se nao me engano da Toscana, e os patios internos sao lindos. Muita coisa foi reconstruida, as pessoas foram voltando aos poucos, e hoje em dia parece ser uma cidade totalmente dedicada ao turismo. E uma mistura de uma Parati, pelas ruas e casas antigas, so que menos conservada, com uma Buzios, pela quantidade de gente e de bares e restaurantes, so que bem mais pobre. Para completar, Antigua e o centro principal de comemoracoes da semana santa, nao so do pais, mas de toda essa regiao. Vem gente de todas as partes, e as procisoes comecam no primeiro domingo de marco. No domingo em que eu estive la, a cidade estava insuportavel de tanta gente. A procisao e silenciosa e comportada, varios homens levam pela cidade uma imagem imensa de Jesus carregando a cruz, muito pesado mesmo, me disseram que pesa umas 3 toneladas. Eles se revezam durante todo o dia, comeca as 6 da manha e termina as 2 da madrugada do dia seguinte. Atras vem as mulheres, que sao beeeem menos numerosas e nao dao conta de carregar a imagem da virgem, e tem que ser ajudadas pelos homens. Os mercados e lojas da cidade vendem de tudo. Os que sao frequentados pela populacao local sao muito simples. Fui com o meu companheiro de excursao italiano ao mercado central, depois que o guia nos abandonou ao nosso proprio destino. Um galpao enorme, coberto, escuro, parece labirinto de hamster. Ele olhou pra mim e perguntou cabreiro: a gente vai entrar ai? Entramos e saimos vivos, mas nao e garantido. Parece um Sahara em minitaura, tem desde aparelhos de som a frutas e fantasias. Ja os mercados dedicados aos turistas sao cheios e coloridos, so com artesanatos locais. O mais divertido e que voce tem que negociar os precos. Minha primeira compra nao foi um grande sucesso, comprei um pedaco de pano que estava por 125 Quetzales por 95. Ja na segunda, consegui baixar o preco de 75 para 45. Fiquei toda feliz, mas prefiro nao ficar pensando que na verdade o treco deve valer uns 30. Acho que a Julia tem razao quando diz que eu ja fiquei tempo demais nas terras alemas. Confesso que tenho estranhado muito a intimidade do tratamento pessoal aqui - mais um motivo pra me chamarem de gringa. O motorista da van que nos levou ate Antigua nao teve a menor cerimonia, me chamou de Julianita desde o momento em que eu subi no carro. Os taxistas dos Taxis Amarillos, os unicos que eu pego, as vezes ja me reconhecem. Outro dia eu entrei no taxi e, ao inves do regular "buenos dias", o taxista vira pra mim e fala "hola Juliana"! Fazer o que...

Friday 7 March 2008

Rough Guide to Guatemala

Hoje eu desisti de tentar achar as coisas boas da cidade por mim mesma e comprei um guia turistico. Os dois em ingles que eu achei na loja - nao tinha nenhum em espanhol, e os outros eram em frances - eram guias cobrindo todo o pais. Nao tem nenhum so da capital. Dando uma folheada nos capitulos sobre a Cidade da Guatemala, descobri porque. Um deles, do Lonely Planet, comecava dizendo que, dependendo do tipo de experiencias que voce viver aqui, a cidade pode parecer feia, perigosa e insignificante, ou feia, perigosa e inesquecivel. O outro, que eu comprei, era o Rough Guide to Guatemala. Achei o nome mais condizente com a minha situacao. Ele comeca a parte da capital assim: "The capital, Guatemala City, is a fume-filled maelstrom of industry and commerce with few attractions to detain the traveller, though a day or two spent visiting the museums and soaking up the (limited) cultural scene won't be wasted". Muito animador. De fato, parece que a maior parte dos turistas nem passa por aqui, indo direto pra Antigua ou para outros lugares que, pelas fotos que eu vi, sao fantasticos, cheios de vulcoes, lagos cristalinos e cidades pitorescas. Por aqui, parece que o negocio sao alguns museus de cultura maia, um de tecidos, alguns cinemas independentes e, segundo o guia, uma regiao que esta surgindo como uma cena alternativa, com boates e djs interessantes. Como eu nao vou sair a noite sozinha nem que me paguem, esse fim de semana devo ir aos museus. Parece que o zoologico daqui e tambem interessante, e pela quantidade de cantos de passarinhos que eu nunca ouvi na vida que eu ouco do meu quarto aqui, deve ser mesmo. Enfim, vou ter o que fazer no fim de semana! A foto e de uma moca de quem eu comprei um cacho de bananas por 6 Quetzales. Pelo que eu tenho visto de precos por aqui, foi a banana mais cara da historia, paguei preco de turista, mas valeu a pena, porque no fundo o que eu queria mesmo era um pretexto pra tirar uma foto dela.

Sorry...

Achei essa noite o meu pendrive perdido no bolso do meu casaco. Ops! Pelo menos o meu orgulho esta restituido...

Thursday 6 March 2008

Rambo 2: a missao

Pronto, fim do primeiro mês! Fechei Bogotá com chave de ouro. Essa semana consegui fazer tudo que precisava, fiz minha última entravista no Congresso com um senador, e adivinhem! Tinha uma autorizacao de entrada lá quando eu cheguei! Será que eles estao lendo o meu Blog? Mas na verdade eu tenho uma explicacao melhor: meia hora antes de ir pra lá, eu liguei para a secretária, que nem sabia que eu tinha hora marcada com o senador, para confirmar o local da entrevista. Não foi de propósito, eu queria mesmo confirmar o local porque elefalou muito rapido e eu nao tinha entendido bem, mas foi uma ótima estratégia, e pensando bem, eu devia ter pensado nisso antes. Mas agora já foi. Se comecarem a me esquecer na Guatemala também, já sei o que fazer.
No Parlamento Andino, a última semana foi pesada. O esquema de consulta aos documentos é surreal, simplesmente não existe. Parece que depois que eles tiveram alguns “problemas” com um estudante de escola que estava fazendo pesquisa (eu imagino que o menino tenha sumido com alguns livros), eles tiveram a brilhante idéia de... proibir consultas! Exatamente, não é qualquer um que chega lá e tem acesso à biblioteca. Você tem que ter recomendacao de uma universidade, autorizacao, ou contato pessoal. E a sala fica trancada a chave. E não tem como fazer cópias no próprio prédio. No primeiro dia que eu fui consultar os documentos, eu fiquei sentada dividindo a mesa com a moca (sim, é só uma) que está encarregada do setor de documentos. Nos outros dias, para a minha sorte, ela teve a brilhante idéia de me colocar num dos escritórios vazios do prédio. Fiquei com um escritório só pra mim, com janela e banheiro (sem papel higiênico, mas vai lá)! Dificuldades a parte, consegui recolher todas as informacoes que eu queria, excetuando-se, é claro, as que não estao registradas, que são muitas. Mas do que tinha, peguei tudo.
Saindo da Colômbia, nada de acidentes nem atentados no aviao, apesar de termos tido passageiros com sobrenomes de político, que eu ouvi. La de cima, sobrevoando a América Central, a vista é linda, dá pra ver todas as ilhas e praias que eu não vou ter tempo nem dinheiro de visitar enquanto estiver por aqui. Agora já estou na Guatemala, e aqui a coisa é diferente. Mesmo. No meu primeiro fim de semana teve uma festa na casa da família que está me recebendo. Aguns conselhos básicos que eu ouvi repetidamente de pessoas diferentes a noite inteira:
· Não andar com brincos, relogios ou anéis na rua;
· Não pegar taxis na rua, apenas os que são de empresas, e não pegar taxis de qualquer empresa, só confiar nos “Taxis Amarillos” (nos ultimos dias tenho percebido que todos os lugares que eu frequento também só utilizam essa empresa: o Parlacen, a World Vision, e outros);
· Não usar celular andando na rua; quando for falar, entrar em alguma loja ou restaurante;
· Nunca, jamais, em hipótese alguma, sair levando o meu laptop a mostra, nem na Zona 10, a mais chique da cidade;
· Não pegar ônibus bem vestida;
· Não pegar ônibus de noite, nem se estiver mal vestida;
· Não ficar muito tempo parada no ponto de ônibus ou em qualquer lugar na rua;
· Não levar mochila nem bolsa no ônibus, botar tudo nos bolsos da calca;
e outros pequenos detalhes. Juntando tudo isso a um acidente que aconteceu na véspera da minha chegada e que está gerando uma discussao enorme em torno da precariedade dos ônibus e da fiscalizacao do transporte público no país, confesso que tenho andado de taxi o tempo todo. Um ônibus despencou de um precipício depois do pneu (recauchutado) estourar enquanto ele andava acima da velocidade permitida e com muito mais pessoas do que poderia levar, o que se observa que é o normal por aqui. Morreram todos. No primeiro e único dia em que eu peguei uma van, voltei para casa sem o meu pendrive. Tudo bem, deixei na parte de fora da mochila, mea culpa, mas eu achei que o meu treinamento ninja-carioca fosse me safar em qualquer lugar do mundo. Ledo engano. Enfim, para aqueles que estavam doidos para ficar preocupados comigo enquanto eu estava em Bogotá e ficaram na vontade, porque a cidade era mais segura que o Rio, aproveitem: agora é a hora!

Sinalizacao básica dentro do ônibus...

Thursday 28 February 2008

Blog do Seu Creison

Nada como uma irma mais nova para nao deixar passar os seus erros de português. E olha que eu releio os posts antes de publicar... Nao vou consertar, o "atensao" vai ficar lá no relato de Pereira mesmo. Fica fazendo parte do charme do Blog entao. Afinal de contas, aqueles que vêm nos últimos dois anos acompanhando pelo MSN a progressiva decadência do meu querido português provavelmente nao vao se espantar. Para os que ainda nao estao acostumados, um aviso: este é um Blog com équio!

Saturday 23 February 2008

Big girl you are beautiful...

Fui ao Museu Botero, aqui em Bogotá. Todas as pecas foram doadas pelo próprio Botero, da sua colecao pessoal. Imperdível. Além de várias pinturas e esculturas dele, tem também Miró, Renoir, Dali, Picasso, Torres García, e vários artistas latino-americanos que eu nao conhecia. No mesmo prédio ficam também as colecoes do Banco de la Republica, com várias obras internacionais e os principais artistas colombianos, e da Casa de Moneda, contando a história da moeda desde a colonizacao.

Wednesday 20 February 2008

Os Cara de Tacho

Se eu ainda tivesse paciência para Orkut ou Facebook, criaria a comunidade dos "Cara de Tacho na Frente do Congresso Colombiano". Somos muitos. Para vocês terem uma idéia da quantidade de tempo que eu tenho passado plantada em frente ao Parlamento, já estou ficando colega do pessoal do Exército colombiano, que faz a seguranca ali em frente. Ontem fui reconhecida por um deles, que virou pra mim e falou: "A senhora que ficou esperando mais de uma hora na semana passada pra ser buscada, nao é? Deixaram a senhora esperando de novo?". Pois é, me deixaram esperando de novo. Dessa vez por uma hora e meia. O consolo é que eu nao sou a única. Em frente ao parlamento forma-se uma fila para passar pelo controle da seguranca na entrada. E quem nao trabalha lá dentro precisa ter uma autorizacao (que, em dias de plenária, tem que estar assinada pelo secretário geral do Parlamento), e se a sua autorizacao nao está lá na hora em que você chega, você está no clube dos cara de tacho. Depois de um tempo, abstraindo o frio e o fato de estar de pé há vários minutos, a cena fica até engracada. A reacao dos que nao estao acostumados com a situacao (meu caso na semana passada) é de dar pena. As pessoas ficam completamente desorientadas, saem da fila com cara de derrota, ficam olhando lá para dentro na esperanca de avistar uma secretária correndo com a sua autorizacao, se conformam frente à própria insignificância, e comecam a ligar desesperadamente do celular tentando entrar em contato com o gabinete que, em tese, está a sua espera. Normal. Agora já sei que o meu tempo de espera básico para ser buscada - porque esperancas de ter uma autorizacao de entrada quando eu chegar, nao tenho - será de 40 a 90 minutos. Essa semana já encarei a situacao com um ar mais blazé. Tentei fazer cara de "nao tem problema, mais cedo ou mais tarde alguém vem me buscar". E comecei a ligar desesperadamente pro gabinete. Uma hora e meia mais tarde, eu estava entrevistando o deputado. Agora já sei que também é bom levar um casaquinho. Fiquei imaginando essa situacao pra um pesquisador nao-latino-americano. Porque, cá pra nós, alguém que nao venha dessa terra teria ainda esperancas de ser atendido depois de estar plantado há uma hora sem resposta em frente ao prédio? Nós temos.

Tuesday 19 February 2008

Você sabia...

que o primeiro grande narcotraficante colombiano, co-fundador do cartel de Medellín, tem ascendência alema? Ele foi extraditado para os EUA, e está hoje na Alemanha. Eles mandando esse tipo de gente pra cá, e depois a gente é que tem problema com visto...

Viagem a Risaralda


Fui nesse fim de semana que passou para Santa Rosa de Cabral, um "pueblo" que fica bem pertinho de Pereira, capital do departamento Risaralda. Já é um departamento diferente do que eu estou, que se chama Cundinamarca. Nós fomos para levar o Sebas (cacula do tio do Juan) para participar de um torneio de bicicross. Parece meio programa de índio, e de fato é, mas vale tudo pra conhecer um pouco mais dos arredores colombianos! Saímos com malas, bicicleta e papagaio, e pegamos tanto engarrafamento que demoramos 12 horas pra chegar. Digno de um filme do Chevy Chase. A melhor parte da viagem foram mesmo as paisagens da ida (na volta eu estava tao cansada que nao prestei muita atensao). Passamos pela Cordilheira Oriental, onde vimos o Nariz del Diablo, que está na foto. As paisagens sao lindíssimas. Ao contrário do que ainda reina no senso comum brasileiro, nao é perigoso viajar pelas estradas daqui (pelo menos nessa regiao, claro). O Exército está literalmente em todas as partes, na beira das estradas, em motos e jipes ao longo das estradas, e ao redor delas, fazendo trabalhos nos povoados em volta, e parecem ser muito bem recebidos pela populacao. Segundo me contaram, boa parte das estradas por onde passamos na ida e na volta nao eram seguras para andar antes do Uribe. Eram regioes dominadas pela guerrilha, e de noite, em algumas partes, o Exército fechava as estradas para os motoristas nao passarem, e assim nao correrem perigo.
Chegando em Santa Rosa, me senti em Cachoeiras de Macacu. Só que com algumas melhorias. Por exemplo, algumas casinhas mais antigas em estilo tradicional daqui, com balcoes, as janelas e portas bem coloridas, coisa mais linda. A praca central também é interessante, e a cidade é conhecida como a cidade das araucárias. Tem várias em volta da praca.
Mas mais do que tudo foi uma viagem super informativa, vi que saindo de Bogotá a coisa é diferente, nao é tao bonita, segura e bem conservada, mas nao vira o deus-nos-acuda que a gente imagina. Todos os colombianos com quem eu conversei foram extremamente simpáticos comigo (para quem vem do trauma da adaptacao alema, é uma bencao), todos, sem excessao, se esforcam pra entender o que eu falo no meu portunhol - que vem melhorando a passos largos! - e falam com o maior prazer sobre tudo que eu pergunto sobre o país. No meio de tantas vistas lindas das cordilheiras, comendo doce de leite com frutas, feijao e chorizo (linguica de porco tradicional de Santa Rosa), deu até pra abstrair das horas de viagem, da lama, das criancas gritando e do sol na cara. Saldo positivo!

Thursday 14 February 2008

Novela colombiana


Taí uma das vantagens inesperadas dessa viagem: matar saudade das novelas! Sou descendente de uma linhagem pura de noveleiras, e sinto muita falta de uma novelinha... As novelas colombianas nao sao tao boas quanto as brasileiras (acho que nenhuma é), mas com certeza sao muito mais divertidas que as alemas. Tenho visto algumas desde que cheguei, e essa aí em cima por enquanto é a minha favorita: La Sucursal del Cielo! No site do Canal Caracol (o mais visto por aqui) ela está classificada como série, nao como novela, mas pra mim tá valendo. A históra se passa em Cali durante o ano de 1971, quando os jogos Pan-Americanos foram sediados na cidade. Por enqando, pelo capítulo que eu vi a cidade e as pessoas estao se preparando pros jogos. As meninas estao doidas pra trabalhar de intérprete para as comissoes estrangeiras, e tudo gira em torno dos gringos. A cidade nao tem hotéis suficientes, entao os gringos estao alugando quarto na casa das pessoas. No capítulo que eu vi, o gringo ficava mandando as cantadas mais baratas pra moca colombiana que o recebia (que esta brigada com o marido, mas ainda é casada) dizendo que ela era "un mujerrr muy bonito". Muito engracado. Melhor que isso, só ver a novela acompanhada da Sandra, que está me recebendo aqui em Bogotá, e que vivia em Cali naquela época!

Tuesday 12 February 2008

Marcha contra as FARC (ou contra os sequestros, ou...)


No dia 4 de fevereiro, três dias depois de eu chegar aqui, aconteceu a marcha contra as FARC. Na verdade os colombianos ainda estao discutindo sobre o significado da marcha, que pelo visto teve várias sub-marchas dentro dela: os que apoiam o Uribe e toda a política de seguranca do governo, os que sao contra as FARC mas que nao apóiam o Uribe, os que sao contra os sequestros mas nao necessariamente contra as FARC, os que sao contra as FARC mas que acharam um absurdo nao ter sido uma marcha também contra os paramilitares, que cometeram várias atrocidades nos últimos anos, apesar de nao fazerem mais sequestros... Mas acho que o ponto de unidade de todos era mesmo o fim dos sequestros. Mais ou menos 700 pessoas estao ainda em poder das FARC, se nao me engano a maioria nas regioes de selva da Colômbia. Sao histórias terríveis de pessoas que ficam anos em cativeiro, como o que aconteceu com a Clara Rojas. Ela foi sequestrada junto com a Ingrid Betancourt, que está presa até hoje, foi libertada depois de 6 anos, e teve um filho enquanto estava presa. A crianca foi levada a um hospital quando tinha oito meses porque estava muito doente, e acabou "escapando" do controle dos sequestradores e sendo levada para uma instituicao do Estado. Agora a mae também foi libertada em janeiro, entregue à Cruz Vermelha e a uma delegacao venezoelana pelas FARC.
O mais impressionante é que toda essa marcha comecou no Facebook, com um grupo de colombianos combinando um protesto contra as FARC. Terminou sendo uma manifestacao de umas 10 milhoes de pessoas no mundo todo, segundo os noticiários daqui, 2 milhoes só em Bogotá (que tem um pouco mais de 7 milhoes de habitantes). Achei fantástico.
Outra coisa que eu achei engracada foi uma matéria na televisao sobre o pessoal que deu um jeitinho de ganhar dinheiro com a marcha. Várias pessoas se prepararam e estavam vendendo camisetas, apitos, faixas, enfeites, broches... enfim, Bogotá é super carioca.

Catedral Primada de Colombia



Posted by Picasa

Primeira impressao


Atendendo a pedidos de "mais detalhes" nas descricoes das fotos que tenho enviado aqui de Bogotá, entrando na moda dos Blogs, e imitando iniciativas recentes e muito bem boladas de amigos que estao espertamente divulgando as suas experiências online (Jule, Lu e, em breve, Juan), resolvi montar esse espaco para falar um pouco mais das minhas exploracoes latino-americanas. No momento, a missao é desvendar os mistérios (super misteriosos) do Parlamento Andino, que se encontra em Bogotá, capital da Colômbia. E aqui estou. Fui surpreendida, assim como grande parte dos cariocas que viram as minhas fotos, por um centro da cidade super limpo e bem cuidado, principalmente a parte histórica. Bem diferente dos nossos prédios mais antigos do centro do Rio... O frio também me pegou desprevenida (quem mandou nao prestar atencao na altitude?), mas o resto é mais ou menos o que eu já esperava: pessoas extremamente simpáticas, alegres e acessíveis, comida boa, frutas de nomes esquisitíssimos e maravilhosas, trânsito caótico, muito engarrafamento, buzina, gente tentando catar o seu celular no ônibus... ou seja, estou em casa! Desculpem a falta de acentos e cedilhas, mesmo de volta à América, o teclado ainda é alemao!