Thursday 28 February 2008

Blog do Seu Creison

Nada como uma irma mais nova para nao deixar passar os seus erros de português. E olha que eu releio os posts antes de publicar... Nao vou consertar, o "atensao" vai ficar lá no relato de Pereira mesmo. Fica fazendo parte do charme do Blog entao. Afinal de contas, aqueles que vêm nos últimos dois anos acompanhando pelo MSN a progressiva decadência do meu querido português provavelmente nao vao se espantar. Para os que ainda nao estao acostumados, um aviso: este é um Blog com équio!

Saturday 23 February 2008

Big girl you are beautiful...

Fui ao Museu Botero, aqui em Bogotá. Todas as pecas foram doadas pelo próprio Botero, da sua colecao pessoal. Imperdível. Além de várias pinturas e esculturas dele, tem também Miró, Renoir, Dali, Picasso, Torres García, e vários artistas latino-americanos que eu nao conhecia. No mesmo prédio ficam também as colecoes do Banco de la Republica, com várias obras internacionais e os principais artistas colombianos, e da Casa de Moneda, contando a história da moeda desde a colonizacao.

Wednesday 20 February 2008

Os Cara de Tacho

Se eu ainda tivesse paciência para Orkut ou Facebook, criaria a comunidade dos "Cara de Tacho na Frente do Congresso Colombiano". Somos muitos. Para vocês terem uma idéia da quantidade de tempo que eu tenho passado plantada em frente ao Parlamento, já estou ficando colega do pessoal do Exército colombiano, que faz a seguranca ali em frente. Ontem fui reconhecida por um deles, que virou pra mim e falou: "A senhora que ficou esperando mais de uma hora na semana passada pra ser buscada, nao é? Deixaram a senhora esperando de novo?". Pois é, me deixaram esperando de novo. Dessa vez por uma hora e meia. O consolo é que eu nao sou a única. Em frente ao parlamento forma-se uma fila para passar pelo controle da seguranca na entrada. E quem nao trabalha lá dentro precisa ter uma autorizacao (que, em dias de plenária, tem que estar assinada pelo secretário geral do Parlamento), e se a sua autorizacao nao está lá na hora em que você chega, você está no clube dos cara de tacho. Depois de um tempo, abstraindo o frio e o fato de estar de pé há vários minutos, a cena fica até engracada. A reacao dos que nao estao acostumados com a situacao (meu caso na semana passada) é de dar pena. As pessoas ficam completamente desorientadas, saem da fila com cara de derrota, ficam olhando lá para dentro na esperanca de avistar uma secretária correndo com a sua autorizacao, se conformam frente à própria insignificância, e comecam a ligar desesperadamente do celular tentando entrar em contato com o gabinete que, em tese, está a sua espera. Normal. Agora já sei que o meu tempo de espera básico para ser buscada - porque esperancas de ter uma autorizacao de entrada quando eu chegar, nao tenho - será de 40 a 90 minutos. Essa semana já encarei a situacao com um ar mais blazé. Tentei fazer cara de "nao tem problema, mais cedo ou mais tarde alguém vem me buscar". E comecei a ligar desesperadamente pro gabinete. Uma hora e meia mais tarde, eu estava entrevistando o deputado. Agora já sei que também é bom levar um casaquinho. Fiquei imaginando essa situacao pra um pesquisador nao-latino-americano. Porque, cá pra nós, alguém que nao venha dessa terra teria ainda esperancas de ser atendido depois de estar plantado há uma hora sem resposta em frente ao prédio? Nós temos.

Tuesday 19 February 2008

Você sabia...

que o primeiro grande narcotraficante colombiano, co-fundador do cartel de Medellín, tem ascendência alema? Ele foi extraditado para os EUA, e está hoje na Alemanha. Eles mandando esse tipo de gente pra cá, e depois a gente é que tem problema com visto...

Viagem a Risaralda


Fui nesse fim de semana que passou para Santa Rosa de Cabral, um "pueblo" que fica bem pertinho de Pereira, capital do departamento Risaralda. Já é um departamento diferente do que eu estou, que se chama Cundinamarca. Nós fomos para levar o Sebas (cacula do tio do Juan) para participar de um torneio de bicicross. Parece meio programa de índio, e de fato é, mas vale tudo pra conhecer um pouco mais dos arredores colombianos! Saímos com malas, bicicleta e papagaio, e pegamos tanto engarrafamento que demoramos 12 horas pra chegar. Digno de um filme do Chevy Chase. A melhor parte da viagem foram mesmo as paisagens da ida (na volta eu estava tao cansada que nao prestei muita atensao). Passamos pela Cordilheira Oriental, onde vimos o Nariz del Diablo, que está na foto. As paisagens sao lindíssimas. Ao contrário do que ainda reina no senso comum brasileiro, nao é perigoso viajar pelas estradas daqui (pelo menos nessa regiao, claro). O Exército está literalmente em todas as partes, na beira das estradas, em motos e jipes ao longo das estradas, e ao redor delas, fazendo trabalhos nos povoados em volta, e parecem ser muito bem recebidos pela populacao. Segundo me contaram, boa parte das estradas por onde passamos na ida e na volta nao eram seguras para andar antes do Uribe. Eram regioes dominadas pela guerrilha, e de noite, em algumas partes, o Exército fechava as estradas para os motoristas nao passarem, e assim nao correrem perigo.
Chegando em Santa Rosa, me senti em Cachoeiras de Macacu. Só que com algumas melhorias. Por exemplo, algumas casinhas mais antigas em estilo tradicional daqui, com balcoes, as janelas e portas bem coloridas, coisa mais linda. A praca central também é interessante, e a cidade é conhecida como a cidade das araucárias. Tem várias em volta da praca.
Mas mais do que tudo foi uma viagem super informativa, vi que saindo de Bogotá a coisa é diferente, nao é tao bonita, segura e bem conservada, mas nao vira o deus-nos-acuda que a gente imagina. Todos os colombianos com quem eu conversei foram extremamente simpáticos comigo (para quem vem do trauma da adaptacao alema, é uma bencao), todos, sem excessao, se esforcam pra entender o que eu falo no meu portunhol - que vem melhorando a passos largos! - e falam com o maior prazer sobre tudo que eu pergunto sobre o país. No meio de tantas vistas lindas das cordilheiras, comendo doce de leite com frutas, feijao e chorizo (linguica de porco tradicional de Santa Rosa), deu até pra abstrair das horas de viagem, da lama, das criancas gritando e do sol na cara. Saldo positivo!

Thursday 14 February 2008

Novela colombiana


Taí uma das vantagens inesperadas dessa viagem: matar saudade das novelas! Sou descendente de uma linhagem pura de noveleiras, e sinto muita falta de uma novelinha... As novelas colombianas nao sao tao boas quanto as brasileiras (acho que nenhuma é), mas com certeza sao muito mais divertidas que as alemas. Tenho visto algumas desde que cheguei, e essa aí em cima por enquanto é a minha favorita: La Sucursal del Cielo! No site do Canal Caracol (o mais visto por aqui) ela está classificada como série, nao como novela, mas pra mim tá valendo. A históra se passa em Cali durante o ano de 1971, quando os jogos Pan-Americanos foram sediados na cidade. Por enqando, pelo capítulo que eu vi a cidade e as pessoas estao se preparando pros jogos. As meninas estao doidas pra trabalhar de intérprete para as comissoes estrangeiras, e tudo gira em torno dos gringos. A cidade nao tem hotéis suficientes, entao os gringos estao alugando quarto na casa das pessoas. No capítulo que eu vi, o gringo ficava mandando as cantadas mais baratas pra moca colombiana que o recebia (que esta brigada com o marido, mas ainda é casada) dizendo que ela era "un mujerrr muy bonito". Muito engracado. Melhor que isso, só ver a novela acompanhada da Sandra, que está me recebendo aqui em Bogotá, e que vivia em Cali naquela época!

Tuesday 12 February 2008

Marcha contra as FARC (ou contra os sequestros, ou...)


No dia 4 de fevereiro, três dias depois de eu chegar aqui, aconteceu a marcha contra as FARC. Na verdade os colombianos ainda estao discutindo sobre o significado da marcha, que pelo visto teve várias sub-marchas dentro dela: os que apoiam o Uribe e toda a política de seguranca do governo, os que sao contra as FARC mas que nao apóiam o Uribe, os que sao contra os sequestros mas nao necessariamente contra as FARC, os que sao contra as FARC mas que acharam um absurdo nao ter sido uma marcha também contra os paramilitares, que cometeram várias atrocidades nos últimos anos, apesar de nao fazerem mais sequestros... Mas acho que o ponto de unidade de todos era mesmo o fim dos sequestros. Mais ou menos 700 pessoas estao ainda em poder das FARC, se nao me engano a maioria nas regioes de selva da Colômbia. Sao histórias terríveis de pessoas que ficam anos em cativeiro, como o que aconteceu com a Clara Rojas. Ela foi sequestrada junto com a Ingrid Betancourt, que está presa até hoje, foi libertada depois de 6 anos, e teve um filho enquanto estava presa. A crianca foi levada a um hospital quando tinha oito meses porque estava muito doente, e acabou "escapando" do controle dos sequestradores e sendo levada para uma instituicao do Estado. Agora a mae também foi libertada em janeiro, entregue à Cruz Vermelha e a uma delegacao venezoelana pelas FARC.
O mais impressionante é que toda essa marcha comecou no Facebook, com um grupo de colombianos combinando um protesto contra as FARC. Terminou sendo uma manifestacao de umas 10 milhoes de pessoas no mundo todo, segundo os noticiários daqui, 2 milhoes só em Bogotá (que tem um pouco mais de 7 milhoes de habitantes). Achei fantástico.
Outra coisa que eu achei engracada foi uma matéria na televisao sobre o pessoal que deu um jeitinho de ganhar dinheiro com a marcha. Várias pessoas se prepararam e estavam vendendo camisetas, apitos, faixas, enfeites, broches... enfim, Bogotá é super carioca.

Catedral Primada de Colombia



Posted by Picasa

Primeira impressao


Atendendo a pedidos de "mais detalhes" nas descricoes das fotos que tenho enviado aqui de Bogotá, entrando na moda dos Blogs, e imitando iniciativas recentes e muito bem boladas de amigos que estao espertamente divulgando as suas experiências online (Jule, Lu e, em breve, Juan), resolvi montar esse espaco para falar um pouco mais das minhas exploracoes latino-americanas. No momento, a missao é desvendar os mistérios (super misteriosos) do Parlamento Andino, que se encontra em Bogotá, capital da Colômbia. E aqui estou. Fui surpreendida, assim como grande parte dos cariocas que viram as minhas fotos, por um centro da cidade super limpo e bem cuidado, principalmente a parte histórica. Bem diferente dos nossos prédios mais antigos do centro do Rio... O frio também me pegou desprevenida (quem mandou nao prestar atencao na altitude?), mas o resto é mais ou menos o que eu já esperava: pessoas extremamente simpáticas, alegres e acessíveis, comida boa, frutas de nomes esquisitíssimos e maravilhosas, trânsito caótico, muito engarrafamento, buzina, gente tentando catar o seu celular no ônibus... ou seja, estou em casa! Desculpem a falta de acentos e cedilhas, mesmo de volta à América, o teclado ainda é alemao!