Wednesday 20 February 2008

Os Cara de Tacho

Se eu ainda tivesse paciência para Orkut ou Facebook, criaria a comunidade dos "Cara de Tacho na Frente do Congresso Colombiano". Somos muitos. Para vocês terem uma idéia da quantidade de tempo que eu tenho passado plantada em frente ao Parlamento, já estou ficando colega do pessoal do Exército colombiano, que faz a seguranca ali em frente. Ontem fui reconhecida por um deles, que virou pra mim e falou: "A senhora que ficou esperando mais de uma hora na semana passada pra ser buscada, nao é? Deixaram a senhora esperando de novo?". Pois é, me deixaram esperando de novo. Dessa vez por uma hora e meia. O consolo é que eu nao sou a única. Em frente ao parlamento forma-se uma fila para passar pelo controle da seguranca na entrada. E quem nao trabalha lá dentro precisa ter uma autorizacao (que, em dias de plenária, tem que estar assinada pelo secretário geral do Parlamento), e se a sua autorizacao nao está lá na hora em que você chega, você está no clube dos cara de tacho. Depois de um tempo, abstraindo o frio e o fato de estar de pé há vários minutos, a cena fica até engracada. A reacao dos que nao estao acostumados com a situacao (meu caso na semana passada) é de dar pena. As pessoas ficam completamente desorientadas, saem da fila com cara de derrota, ficam olhando lá para dentro na esperanca de avistar uma secretária correndo com a sua autorizacao, se conformam frente à própria insignificância, e comecam a ligar desesperadamente do celular tentando entrar em contato com o gabinete que, em tese, está a sua espera. Normal. Agora já sei que o meu tempo de espera básico para ser buscada - porque esperancas de ter uma autorizacao de entrada quando eu chegar, nao tenho - será de 40 a 90 minutos. Essa semana já encarei a situacao com um ar mais blazé. Tentei fazer cara de "nao tem problema, mais cedo ou mais tarde alguém vem me buscar". E comecei a ligar desesperadamente pro gabinete. Uma hora e meia mais tarde, eu estava entrevistando o deputado. Agora já sei que também é bom levar um casaquinho. Fiquei imaginando essa situacao pra um pesquisador nao-latino-americano. Porque, cá pra nós, alguém que nao venha dessa terra teria ainda esperancas de ser atendido depois de estar plantado há uma hora sem resposta em frente ao prédio? Nós temos.

1 comment:

Jule said...

ahahahahahahahahahahahaha....
Ai Jú, vou te contar- AMEI!
Mas só o fato de você comentando o fenômeno, ate dando nome, é prova de que ficou tempo demais nas nossas terras alemas!

Adorei o blog, e deixei comentário, viu?!

beijocas