Monday 31 March 2008

Sábado em Tikal




Esse sábado fui visitar o Parque Tikal, o maior sítio arqueológico da civilizacao Maya de toda América. Este sítio tem vestígios que mostram sua habitacao desde o ano 900 a.C. até 800 d.C., mas em outros lugares a civilizacao maia existiu desde 5.000 a.C. O parque é impressionante. As construcoes sao lindas e enormes, todas de pedra, e tudo é orientado em funcao do céu, de onde vinham os deuses. Todas as pracas têm um espaco central entre os prédios, justamente para recebre os deuses (super Arquivo X). Para se ter idéia do avanco científico, eles desenvolveram o calendário mais exato do mundo (melhor que o nosso, parece), e tinham também um observatório astronômico. Os arqueólogos imaginam que os Maya tenham deixado Tikal por causa das guerras com povos vizinhos e pelo aumento populacional exagerado, que causou o desmatamento e o uso degradante do solo, dificultando a sobrevivencia na regiao. Segundo o site do parque na internet, os Maya abandonaram a cidade há mais de 1.000 anos. Aos poucos o local foi sendo coberto pela floresta e se tornou uma lenda entre os indígenas, que se referiam a ele como a "cidade perdida". Tikal foi redescoberta em 1848, e em 1956 comecou a ser escavada pela Universidade de Pennsylvania. Hoje em dia, além dos templos e ruínas que estao à mostra, com a ajuda da NASA (!) se tem conhecimento de muitas outras construcoes que ainda estao de baixo da terra. Desde 1979 Tikal é Patrimônio Mundial da Humanidade UNESCO.
Para vocês terem uma idéia do quao fantástico é o parque: eu paguei para acordar às 4 da manha (depois de ir dormir à 1), pegar um aviao de hélice para 20 pessoas que fazia tanto barulho por dentro quanto os ônibus do Rio de Janeiro, caminhar o dia inteiro debaixo de um sol tao forte que me fez deixar a Tussigkeit de lado e usar boné (!!), conviver de perto com plantas e animais de verdade, e no final do dia voltar no mesmo aviaozinho, só que depois de uma chuva violenta e com o céu ainda nublado e com vento (o que nao me incomodou muito, já que eu estava tao exausta que dormi o vôo todo, ao contrário da americana histérica com sapatos de oncinha sentada perto de mim, que estava transtornada com o calor), e ainda assim voltei pra casa super satisfeita e encantada com tudo que eu vi. Recomendo com empenho.
P.S.: a foto comprova que eu usei boné (emprestado pela mae da Ariela)!

Thursday 27 March 2008

Blogs rule

Gente, definitivamente, os blogs hoje em dia sao o que há. Minha mae tinha me perguntado o que eu achava de ela fazer um blog do Museu Magüta (dos Tikuna, para quem nao conhece) e eu respondi que achava amador demais, mas já me arrependi da resposta. De fato, nao fica tao profi quanto um website de verdade, já que tem esse sinalzinho laranja aí em cima (que nao dá pra saber se é uma caneca, um cadeado torto, um patinho sem bico...) e "blogspot" no endereco, mas a verdade é que, se bem organizado, pode ficar com uma cara ótima (diferente desse aqui), além de estar super in. Bom, tudo isso porque hoje eu descobri que a sub-sede dominicana do Parlacen tem um blog! É muito bonito, e tem uma cara super profissional, apesar da caneca-patinho. Solucao nada pretenciosa, perfeita para organizacoes com sérias restricoes orcamentárias.
Para quem se interessar: http://www.parlacenrd.blogspot.com/

Tuesday 25 March 2008

Monday 17 March 2008

Pergunta

Pergunta da colombiana sentada do meu lado no avião que peguei do Panamá para o Rio: "você é gringa?"

Monday 10 March 2008

Gringa

Bom, agora foi a gota d'agua. Fui chamada de gringa na rua em plena luz do dia! Depois da revolta momentanea, eu me conformei. Basta uma olhada no reflexo de qualquer vitrine na rua pra admitir que o erro nao foi tao condenavel. Afinal de contas, em epoca de ano novo e carnaval os vendedores de Copacabana vem falar em ingles comigo... Cheguei entao a seguinte conclusao: melhor assumir a condicao de gringa. E para comecar a todo vapor, resolvi comprar uma excursao com guia para a cidade de Antigua! Domingao, nada pra fazer, vamos la. Foi um bom jeito de matar o tempo no fim de semana. Nao digo isso querendo desmerecer a cidade. Antigua foi a terceira capital da Guatemala, depois que os maias expulsaram os espanhois da primeira em revolta contra a cobranca de impostos, e depois que a segunda foi soterrada por uma avalanche de lama, quando o "vulcao de agua", que fica ao lado de Antigua, entrou em erupcao e lancou para cima da cidade todo o deposito de agua e terra que estava acumulado na cratera. A capital se mudou mais tarde para onde esta hoje, em Cidade da Guatemala, depois que Antigua foi arrasada por um terremoto de escala 9, com destruicao total. Ou seja, uma historia linda. Como antiga capital de toda America Central, Antigua tem muita historia. Naquela epoca, so se queria que nobres e governantes habitassem a cidade (o que acabou concentrando todos eles e matando varios ao mesmo tempo no terremoto). A cidade foi toda desenhada por um arquiteto italiano, se nao me engano da Toscana, e os patios internos sao lindos. Muita coisa foi reconstruida, as pessoas foram voltando aos poucos, e hoje em dia parece ser uma cidade totalmente dedicada ao turismo. E uma mistura de uma Parati, pelas ruas e casas antigas, so que menos conservada, com uma Buzios, pela quantidade de gente e de bares e restaurantes, so que bem mais pobre. Para completar, Antigua e o centro principal de comemoracoes da semana santa, nao so do pais, mas de toda essa regiao. Vem gente de todas as partes, e as procisoes comecam no primeiro domingo de marco. No domingo em que eu estive la, a cidade estava insuportavel de tanta gente. A procisao e silenciosa e comportada, varios homens levam pela cidade uma imagem imensa de Jesus carregando a cruz, muito pesado mesmo, me disseram que pesa umas 3 toneladas. Eles se revezam durante todo o dia, comeca as 6 da manha e termina as 2 da madrugada do dia seguinte. Atras vem as mulheres, que sao beeeem menos numerosas e nao dao conta de carregar a imagem da virgem, e tem que ser ajudadas pelos homens. Os mercados e lojas da cidade vendem de tudo. Os que sao frequentados pela populacao local sao muito simples. Fui com o meu companheiro de excursao italiano ao mercado central, depois que o guia nos abandonou ao nosso proprio destino. Um galpao enorme, coberto, escuro, parece labirinto de hamster. Ele olhou pra mim e perguntou cabreiro: a gente vai entrar ai? Entramos e saimos vivos, mas nao e garantido. Parece um Sahara em minitaura, tem desde aparelhos de som a frutas e fantasias. Ja os mercados dedicados aos turistas sao cheios e coloridos, so com artesanatos locais. O mais divertido e que voce tem que negociar os precos. Minha primeira compra nao foi um grande sucesso, comprei um pedaco de pano que estava por 125 Quetzales por 95. Ja na segunda, consegui baixar o preco de 75 para 45. Fiquei toda feliz, mas prefiro nao ficar pensando que na verdade o treco deve valer uns 30. Acho que a Julia tem razao quando diz que eu ja fiquei tempo demais nas terras alemas. Confesso que tenho estranhado muito a intimidade do tratamento pessoal aqui - mais um motivo pra me chamarem de gringa. O motorista da van que nos levou ate Antigua nao teve a menor cerimonia, me chamou de Julianita desde o momento em que eu subi no carro. Os taxistas dos Taxis Amarillos, os unicos que eu pego, as vezes ja me reconhecem. Outro dia eu entrei no taxi e, ao inves do regular "buenos dias", o taxista vira pra mim e fala "hola Juliana"! Fazer o que...

Friday 7 March 2008

Rough Guide to Guatemala

Hoje eu desisti de tentar achar as coisas boas da cidade por mim mesma e comprei um guia turistico. Os dois em ingles que eu achei na loja - nao tinha nenhum em espanhol, e os outros eram em frances - eram guias cobrindo todo o pais. Nao tem nenhum so da capital. Dando uma folheada nos capitulos sobre a Cidade da Guatemala, descobri porque. Um deles, do Lonely Planet, comecava dizendo que, dependendo do tipo de experiencias que voce viver aqui, a cidade pode parecer feia, perigosa e insignificante, ou feia, perigosa e inesquecivel. O outro, que eu comprei, era o Rough Guide to Guatemala. Achei o nome mais condizente com a minha situacao. Ele comeca a parte da capital assim: "The capital, Guatemala City, is a fume-filled maelstrom of industry and commerce with few attractions to detain the traveller, though a day or two spent visiting the museums and soaking up the (limited) cultural scene won't be wasted". Muito animador. De fato, parece que a maior parte dos turistas nem passa por aqui, indo direto pra Antigua ou para outros lugares que, pelas fotos que eu vi, sao fantasticos, cheios de vulcoes, lagos cristalinos e cidades pitorescas. Por aqui, parece que o negocio sao alguns museus de cultura maia, um de tecidos, alguns cinemas independentes e, segundo o guia, uma regiao que esta surgindo como uma cena alternativa, com boates e djs interessantes. Como eu nao vou sair a noite sozinha nem que me paguem, esse fim de semana devo ir aos museus. Parece que o zoologico daqui e tambem interessante, e pela quantidade de cantos de passarinhos que eu nunca ouvi na vida que eu ouco do meu quarto aqui, deve ser mesmo. Enfim, vou ter o que fazer no fim de semana! A foto e de uma moca de quem eu comprei um cacho de bananas por 6 Quetzales. Pelo que eu tenho visto de precos por aqui, foi a banana mais cara da historia, paguei preco de turista, mas valeu a pena, porque no fundo o que eu queria mesmo era um pretexto pra tirar uma foto dela.

Sorry...

Achei essa noite o meu pendrive perdido no bolso do meu casaco. Ops! Pelo menos o meu orgulho esta restituido...

Thursday 6 March 2008

Rambo 2: a missao

Pronto, fim do primeiro mês! Fechei Bogotá com chave de ouro. Essa semana consegui fazer tudo que precisava, fiz minha última entravista no Congresso com um senador, e adivinhem! Tinha uma autorizacao de entrada lá quando eu cheguei! Será que eles estao lendo o meu Blog? Mas na verdade eu tenho uma explicacao melhor: meia hora antes de ir pra lá, eu liguei para a secretária, que nem sabia que eu tinha hora marcada com o senador, para confirmar o local da entrevista. Não foi de propósito, eu queria mesmo confirmar o local porque elefalou muito rapido e eu nao tinha entendido bem, mas foi uma ótima estratégia, e pensando bem, eu devia ter pensado nisso antes. Mas agora já foi. Se comecarem a me esquecer na Guatemala também, já sei o que fazer.
No Parlamento Andino, a última semana foi pesada. O esquema de consulta aos documentos é surreal, simplesmente não existe. Parece que depois que eles tiveram alguns “problemas” com um estudante de escola que estava fazendo pesquisa (eu imagino que o menino tenha sumido com alguns livros), eles tiveram a brilhante idéia de... proibir consultas! Exatamente, não é qualquer um que chega lá e tem acesso à biblioteca. Você tem que ter recomendacao de uma universidade, autorizacao, ou contato pessoal. E a sala fica trancada a chave. E não tem como fazer cópias no próprio prédio. No primeiro dia que eu fui consultar os documentos, eu fiquei sentada dividindo a mesa com a moca (sim, é só uma) que está encarregada do setor de documentos. Nos outros dias, para a minha sorte, ela teve a brilhante idéia de me colocar num dos escritórios vazios do prédio. Fiquei com um escritório só pra mim, com janela e banheiro (sem papel higiênico, mas vai lá)! Dificuldades a parte, consegui recolher todas as informacoes que eu queria, excetuando-se, é claro, as que não estao registradas, que são muitas. Mas do que tinha, peguei tudo.
Saindo da Colômbia, nada de acidentes nem atentados no aviao, apesar de termos tido passageiros com sobrenomes de político, que eu ouvi. La de cima, sobrevoando a América Central, a vista é linda, dá pra ver todas as ilhas e praias que eu não vou ter tempo nem dinheiro de visitar enquanto estiver por aqui. Agora já estou na Guatemala, e aqui a coisa é diferente. Mesmo. No meu primeiro fim de semana teve uma festa na casa da família que está me recebendo. Aguns conselhos básicos que eu ouvi repetidamente de pessoas diferentes a noite inteira:
· Não andar com brincos, relogios ou anéis na rua;
· Não pegar taxis na rua, apenas os que são de empresas, e não pegar taxis de qualquer empresa, só confiar nos “Taxis Amarillos” (nos ultimos dias tenho percebido que todos os lugares que eu frequento também só utilizam essa empresa: o Parlacen, a World Vision, e outros);
· Não usar celular andando na rua; quando for falar, entrar em alguma loja ou restaurante;
· Nunca, jamais, em hipótese alguma, sair levando o meu laptop a mostra, nem na Zona 10, a mais chique da cidade;
· Não pegar ônibus bem vestida;
· Não pegar ônibus de noite, nem se estiver mal vestida;
· Não ficar muito tempo parada no ponto de ônibus ou em qualquer lugar na rua;
· Não levar mochila nem bolsa no ônibus, botar tudo nos bolsos da calca;
e outros pequenos detalhes. Juntando tudo isso a um acidente que aconteceu na véspera da minha chegada e que está gerando uma discussao enorme em torno da precariedade dos ônibus e da fiscalizacao do transporte público no país, confesso que tenho andado de taxi o tempo todo. Um ônibus despencou de um precipício depois do pneu (recauchutado) estourar enquanto ele andava acima da velocidade permitida e com muito mais pessoas do que poderia levar, o que se observa que é o normal por aqui. Morreram todos. No primeiro e único dia em que eu peguei uma van, voltei para casa sem o meu pendrive. Tudo bem, deixei na parte de fora da mochila, mea culpa, mas eu achei que o meu treinamento ninja-carioca fosse me safar em qualquer lugar do mundo. Ledo engano. Enfim, para aqueles que estavam doidos para ficar preocupados comigo enquanto eu estava em Bogotá e ficaram na vontade, porque a cidade era mais segura que o Rio, aproveitem: agora é a hora!

Sinalizacao básica dentro do ônibus...